VENHA CONOSCO ESTA É UMA LUTA QUE PRECISA DE ESPAÇO EM SUA AGENDA

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O MONABANTU

O MOVIMENTO NAÇÃO BANTU (MonaBantu) é uma organização autônoma, constituída de comunidades e núcleos de resistência da cultura Bantu no Brasil.
Tem como finalidade mobilizar e articular os vivenciadores, simpatizantes e estudiosos da cultura e da prática que traduzem a valorização dos processos civllizatórios da Nação Bantu, na Visão de Mundo Africana1. Nesta perspectiva, tem como estratégia a busca de ações que resignifiquem as contribuições sócio-culturais dos valores civilizatórios da Nação Bantu, presentes na materialidade da sociedade brasileira, mas que não são reconhecidos como oriundos desta cultura.
Com isto, ao falarmos sobre questões como a discriminação racial. devemos devolver aos sujeitos sociais concretos estes elementos de sua visão de mundo e valores, enquanto identidade política, cultural e social. Pois, para falarmos em Políticas Públicas a fim de darmos nossa contribuição processo de erradicação das discriminações - a caminho das reparações -, devemos ter como parâmetro a não sobreposição das culturas, para não perpetuar apenas a ótica dos vencedores, como faz a cultura dominante no Brasil e no mundo. Mas valorizando, reconhecendo e respeitando as contribuições dos vencidos.
O Movimento, através do acúmulo técnico, operacional, político e cultural apreendidos nas suas práticas religiosas e do cotidiano, expressa-se na cultura desenvolvida e mantida nas comunidades tradicionais mantida nas comunidades tradicionais, quilombos urbanos e rurais, através das religiões de matriz africana Banto e dos remanescentes quilombolas. Assim como através de núcleos de resistência como a Capoeira de Angola, Congadas, Maracatus e outras manifestações banto, que se contrapõem à visão de mundo capitalista excludente, que tem como cerne a lógica da discriminação, do racismo e do neoliberalismo.
Buscamos o apoio e a cooperação do governo federal por entendermos que o mesmo, através dos seus ministérios e instâncias, tem o compromisso de desenvolver ações afirmativas, que possibilitem a implementação de políticas de equilíbrio coletivo, guiadas pela lógica do desenvolvimento sustentável e justo. E com a certeza de que isto só é possível, com a igualdade entre os indivíduos e levando em consideração a valorização da diversidade cultural e dos diversos olhares nas relações humanas.
O MonaBantu, Teia pela Reterritorialização, tem por objetivo, a partir de uma ampla discussão e de uma troca permanente com vários segmentos governamentais, fornecer subsídios para possibilitar este novo olhar, constituído a partir da valorização dos processos civllizatórios da Nação Bantu, na visão de Mundo Africana. Visão esta, que tem como princípios básicos, as concepções e o significado cosmológico da vida e da morte, em inter-relações com a natureza; a ancestralidade como base na construção do conhecimento; a oralidade como forma privilegiada de comunicação e transmissão dos saberes culturais adquiridos historicamente, bem como o valor da palavra e o caráter da existência humana2.
1 Ancestral - conhecimentos e tradições milenares que contém um profundo pensar, uma forma de conceber o mundo que os cercava , conforme a realidade regional, o estágio de organização e desenvolvimento em que se encontram. Ou seja, sua formas de codificar, comunicar e expressar seus pensamentos, sentimentos, suas crenças. .As formas de que se valem os africanos tradicionais para explicar, para expressar o que pensa, o que sente em relação ao sobrenatural são diversas e contam com provérbios, lendas, mitos, narrações, até mesmo fatos, acontecimentos da própria vida, uma vez que a forma de religiosidade tradicional africana não é dissociada dos contextos da vida . Mundo natural, físico e mundo sobrenatural coexistem, interagem, se interrelacionam. A natureza com os seus elementos e fenômenos constitui a essência das religiões tradicionais africanas e da concepção que vêem o mundo. Caderno de Educação - A Força das Raízes - UNICEF, DEZ 1996.
2 Mattos, Wilson Roberto. 2003

Cooredenações
Nacional
Juventude
Mulher
Segurança Alimentar
Espaços Ponteciais de Vida


Segurança Alimentar

Kudia”

O ato de “comer”, sempre trouxe à humanidade uma relação de integração e interação do humano com o meio, mantendo assim o grande ciclo e círculo da vida. É o momento em que o corpo nutri-se para assim poder nutrir o outro, de forma tão perfeita e resoluta, que com certeza nossa racionalidade, não seria capaz de criá-la.

Na visão de mundo africana, este é um momento sagrado, pois a vida é sagrada, e todos os processos que garante a manutenção desta vida também o são. Tanto para as divindades (ancestrais) quanto para os homens e mulheres, afinal existem um fio tênue que nos liga ao mundo de vários processos civilizatórios desta cosmovisão onde a alimentação tem papel fundamental.
Como culturas orientais a visão de mundo africana não utiliza garfos e facas para o momento do comer, ”Kudia”, não se vai armado àquilo que nos garante a vida.
“kudia”, esta presente em todos os momentos dos seres humanos. Nutrimo-nos desde o ventre materno, já numa relação conjunta, onde o cordão umbilical é o elo entre intermediário entre a mãe e filho na grande cabaça da criação.
Na visão de mundo africana, esta relação mantém-se por toda vida, fazendo que o momento de nutrir-se, seja de alimentação, educação, conceitos, cultura, seja realizado coletivamente.
O I Seminário Nacional Comunidades Tradicionais Espaços Potenciais de vida proporciona durante o kudia, momentos que reforçam esta contrução coletiva, onde alimentar-se remete imediatamente ao entendimento destes valores civilizatórios da visão de mundo Bantu.
Os cardápios apresentados para o seminário são o resultado de toda uma pesquisa gastronômica de alguns segmentos que compõem o Movimento Nação Banto(MonaBanto), com a perspectiva de materializar a reterriteritorialização das contribuições deixados por nossos ancestrais. Que, com certeza, estão introjetados no cotidiano brasileiro, porém não sendo referendado a origem étnica destes pratos, a exemplo do “acarajé” . Hoje reconhecido como comida típica da Bahia, entretanto é milenariamente originada dos povos Iorubás, na atual Nigeria, assim como o mocotó, uritá, abará e etc.
O que nos causa estranheza, é que este comportamento não é percebido em relação a outros grupos que a imigração não foi forçada. Há já visto o reconhecimento da contribuição italiana (pizzas e massas), japoneses e chineses ( temperos e certas qualidades de peixes), alemã (cerveja e comidas a base de carne de porco) entre outras.
Para que a vivência da alimentação “kudia”, objetive sua proposta, faz-se necessária a reterritorialização e resignificação destes valores, para tal é imprescindível um local, amplo, arejado que permita que as mesas e cadeiras sejam dispostas de forma circular.