VENHA CONOSCO ESTA É UMA LUTA QUE PRECISA DE ESPAÇO EM SUA AGENDA

VENHA CONOSCO ESTA É UMA LUTA QUE PRECISA DE ESPAÇO EM SUA AGENDA

quarta-feira, 8 de junho de 2011

OS BANTOS NO BRASIL

A presença forçada do negro no Brasil se deu desde os primeiros tempos da colonização. Apesar de ter sido quem construiu esta nação o negro sempre foi aqui tratado como elemento de segunda categoria. E em muitos momentos, principalmente na introdução do trabalho assalariado, foi tratado como indesejável. Em vista desta discriminação e do racismo que sempre estiveram presentes nas suas relações com o branco colonizador, o negro escravizado foi “absorvido” apenas na condição de força de trabalho deixado à própria sorte. As diversas identidades étnicas africanas que aqui aportaram foram sempre ignoradas pela cultura dominante. Fosse para melhor dominar, fosse para o não reconhecimento da importância da presença negra na construção da cultura e identidade brasileira.
Em muitas gravuras de época, estas diversas etnias foram retratadas, mas sempre encaradas de forma exótica, pitoresca ou folclórica. O reconhecimento da diversidade étnica da origem do afro-brasileiro deve ser encarado como o primeiro passo para que políticas públicas de ação afirmativa possam ter uma efetiva influência na vida das populações afro-descendentes.
Em relação a esta participação do negro na sociedade brasileira, é Sonia Queiroz quem nos diz:

Introduzido no Brasil durante mais de três séculos pelo tráfico escravo, por muito tempo o negro africano constituiu, com seus descendentes, alta percentagem da população do País, tendo sido um dos elementos mais ativos na formação da cultura brasileira. Apesar disso, nem sempre mereceu a devida atenção de nossos antropólogos, historiadores, lingüistas, enfim, daqueles que, direta ou indiretamente, se ocupam em definir nossa cultura. Assim é comum entre nós a mentalidade assimilacionista, que privilegia a tradição européia e relega nossos índios e negros ao plano das simples influencias, como se nossa cultura os precedesse, o que, levado às últimas conseqüências, corresponde a dizer que a civilização brasileira é anterior ao próprio descobrimento do Brasil!
Por isso diríamos que é preciso redescobrir o Brasil.”1

Sendo a língua, um determinante importante da identidade de grupos humanos, cabe-nos aqui ressaltar mais uma passagem da mesma autora, quando refere-se aos estudos lingüísticos de Yeda Pessoa de Castro (os falares africanos na interação social dos primeiros séculos), onde esta situa a predominância de grupos étnicos procedentes de África no Brasil. E é ela quem também nos fala da localização destes grupos no continente de origem e suas línguas originárias:

Tão importante para suprir as deficiências da informação histórica, esse estudo das evidencias lingüísticas, em seu estágio atual, denuncia a predominância, no Brasil, de ‘povos procedentes de duas regiões subsaarianas: a região do Oeste africano, ao norte da linha do Equador, e o domínio banto, na extensão sul da linha do Equador.’2

No Oeste africano localizam-se as culturas tradicionalmente chamadas sudanesas em que se destacam, em nossa formação etnolingüística, o ioruba (ou nagô) e o jeje (ou mina). Ao Sul do Equador estende-se o domínio das culturas bantas, que compreende diversas línguas, originárias do mesmo proto-banto, das quais se destacam o quicongo, o quimbundo e umbundo como as mais atuantes no Brasil”3

ESBOÇO DO MAPA ETNOLINGÜÍSTICO AFRICANO NO BRASIL4




1 QUEIROZ, Sônia. Pé Preto no Barro Branco – a língua dos negros da Tabatinga, p.17.
2 CASTRO, Yeda P. de. Os falares africanos na interação social dos primeiros séculos, p.11, in QUEIROZ. Pé Preto no Barro Branco, p.28.
3 QUEIROZ, Sônia. Pé Preto no Barro Branco – a língua dos negros da Tabatinga, p.28.
4 CASTRO, Yeda P. de. Ensaios/Pesquisas,p.9.

Nenhum comentário:

Postar um comentário